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Duvudas, criticas ou sugestões

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domingo, 19 de agosto de 2012

VIVENCIANDO A MATEMÁTICA

Vejam mais uma ação do grupo PIBID Matemática do campus do Araguaia da UFMT. “Vivenciando a Matemática” é mais uma das ações do PIBID Matemática realizada nas dependências da UFMT em Pontal do Araguaia em parceria com o PET Matemática e com o Programa “Laboratório de ensino e Mídias na formação dos Professores que ensinam Matemática” do PROEXT. Esta ação composta por três mini-cursos, a Exposição Experienciando a Matemática e uma seção de Desafios com jogos matemáticos foi realizada no dia 18 de agosto de 2012 para os alunos do ensino médio da Escola Estadual Irmã Diva Pimentel.
Dois dos mini-cursos foram desenvolvidos durante todo o primeiro semestre de 2012 por bolsistas do PIBID Matemática e executado agora. Um deles, apresentado pelos bolsistas Marcio e Luana, trabalha o uso das novas tecnologias na Educação Matemática da escola básica, fazendo uso do software Winplot no estudo das cônicas. O outro, apresentado pelo Thaygra e a Rosane, discute a relação entre matemática e música trazendo uma visão histórica das frações associada à notas musicais e chegando, pela via da modelagem, ás progressões aritméticas (PA) e geométricas (PG). O terceiro mini-curso, apresentado pelos bolsistas do PET Matemática Fabrício e Fernanda, traz a escrita na matemática fazendo uso de Fanzines.
Após os mini-cursos teve o lanche e os alunos puderam visitar a Exposição Experienciando a Matemática, organizada pela Professora Wanderleya, depois veio a seção de desafios. Nesta seção três jogos eram disputados, a Torre de Hanoi, o Matix e o Seixos.
Vejam as fotos




































sábado, 4 de agosto de 2012

QUEM FORMA QUEM NO ENSINO DA MATEMÁTICA?


CONSTRUINDO CAMINHOS PARA O SABER: 
quem forma quem para o ensino da matemática?[1]


Wanderleya Nara Gonçalves Costa[2]
Fabrício Gonçalves de Jesus[3]
Fernanda Pereira Procópio3
Kennedy Carlos Silva Corrêa3
Solange Nascimento Neves3


RESUMO

Neste artigo, discorremos sobre as características gerais de nossa atuação junto a um programa de extensão voltado para a formação de professores. Após apresentar os principais objetivos do programa e a teoria que referencia as nossas ações, argumentamos que o oferecimento de oficinas, a organização de exposições, a edição de fanzines e a discussão de questões do ENEM e da OBMEP, dentre outros, têm-se configurado como oportunidades para a ocorrência de profundas transformações não apenas dos licenciandos, mas também de professores em exercício e de estudantes da Educação Básica.

Palavras-chave: Formação de Professores. Mídias na Educação. Comunidades de
Prática. Interdisciplinaridade. Laboratório de Ensino.


1.       Introdução
A maioria das ações de formação de professores se definem a partir de separações entre o ensino, a pesquisa e a extensão e pela distinção desintegradora entre profissionais em formação inicial e os em formação continuada. Tais ações também são caracterizadas pela falta de ações interdisciplinares e pelo pouco uso dos laboratórios de ensino e das novas mídias.  Procurando construir um caminho diverso, o Grupo PET Matemática Araguaia, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), firmou parceria com  bolsistas do grupo do PIBID Matemática CUA (Campus Universitário do Araguaia) para auxiliar os membros do programa “O laboratório de ensino e as mídias na formação de professores que ensinam matemática na educação básica”, financiado pelo Programa de Extensão Universitária (ProExt). Este projeto tem como propósito promover ações de formação de professores que possam oportunizar, apoiar, subsidiar e estimular a consolidação de conhecimentos matemáticos e pedagógicos que permitam melhorar o aprendizado na disciplina, desde as séries iniciais, com o uso de diferentes mídias, notadamente, de computadores, de jogos, de livros paradidáticos e de materiais estruturados, principalmente a partir da metodologia da resolução de problemas. Além disto, o programa “Laboratório e Mídias na Formação de Professores que ensinam Matemática” pretende incentivar a cultura da troca de conhecimentos e experiências pedagógicas entre os professores em exercício e entre estes e os licenciandos.
O trabalho se fundamenta na ideia de que a aprendizagem é um fenômeno situado, construído social e historicamente. Por isto, nele, se dá ênfase à pessoa em atividade no e com o mundo e tanto o licenciando quanto o professor em exercício são vistos como protagonistas de sua própria formação. Tal concepção decorre da Teoria Social da Aprendizagem de Wenger (2001); é a partir deste referencial que concebemos a formação de professores como um processo por meio do qual eles vão aprendendo e se transformando a partir de diferentes práticas.  Neste contexto, assumimos que o “aprender a ser professor de Matemática” significa, sobretudo, pertencer e participar de uma comunidade formada por um grupo de pessoas que interagem, aprendem conjuntamente, constroem relações com os conhecimentos (o repertório) e entre si.
Damos especial valor a ações formativas que promovem o encontro entre professores experientes e licenciandos em matemática. Em vista deste posicionamento, os licenciandos de Matemática (e de Física) que são bolsistas do grupo PET Matemática Araguaia, da UFMT, foram convidados a contribuir para a formação continuada de professores. Tal convite foi respondido de diferentes maneiras, algumas das quais daremos a conhecer neste artigo. 

2.       Oficinas: espaço para pesquisas e interdisciplinaridade
Ao longo do primeiro semestre de 2011, os estudantes efetuaram pesquisas sobre temas específicos que os permitiram, durante dois meses do segundo semestre, oferecer oficinas voltadas para professores de matemática em exercício e também em formação inicial. As oficinas foram elaboradas por duplas de bolsistas e os temas abordados foram: 1) a interação entre Matemática, Física e Música, 2) o uso de softwares matemáticos em sala de aula, 3) as geometrias não-euclidianas e 4) o uso de blogs como instrumentos de ensino e de aprendizagem. Duas dessas oficinas serão foco de nossa atenção nos parágrafos seguintes.
Na oficina “Matemática, Física e Música”, que teve como co-responsáveis o petiano Kennedy Corrêa e o pibidiano Thaygra Américo, o foco foi a interdisciplinaridade por meio da música. A dupla de estudantes procurou explorar as primeiras relações entre Matemática, Física e Música. Por meio das pesquisas que antecederam a oficina, os licenciandos puderam saber acerca da experiência que Pitágoras fez com o monocórdio e que o levou a utilizar os números para criar a linguagem musical, as chamada escalas musicais. A partir daí, os licenciandos enfatizaram que a Física contribuiu para explicar que a frequência de vibração da corda do instrumento depende de seu comprimento, densidade linear e tensão submetida. Destacaram também que as descobertas proporcionadas em princípio pela vibração da corda deram novos contornos à Física, possibilitando o surgimento de novos conceitos, tais como a acústica, a harmonia e o temperamento. Ainda quanto à matemática, acentuaram as relações entre a Música e alguns conteúdos matemáticos, tais como: frações, progressão geométrica, série de Fourier, dentre outros. Nesta oficina, além de desenvolverem uma parte teórica relacionada à representação das ondas musicais por meio das funções trigonométricas, os participantes foram convidados a construírem membranofones e a pensarem como a Música pode contribuir para que ensinem a Matemática de modo mais interessante e criativo.
A oficina “Ensinando Matemática com o Winplot” foi ministrada por Fernanda Procópio (bolsista PET) em parceria com Márcio de Jesus (bolsista PIBID).  O Winplot é um dos principais softwares matemáticos gratuitos da linha Peanut Softwares. Criado pelo professor Richard Parris, ele é um plotador gráfico dinâmico capaz de representar diversos tipos de gráficos, sendo útil para o ensino-aprendizagem da geometria analítica, assim como o desenvolvimento de cálculo, integral, limites e derivadas, além é claro da representação de gráficos em 2D e 3D. Também pode ser considerado um ambiente de jogo, quando é acessado o menu "adivinhar". Após os estudos iniciais – a partir de tutoriais, artigos, monografias e dissertações -, foi elaborada uma apostila com as funções básicas do software e com exercícios especialmente escolhidos. 
No laboratório de informática da Universidade, e tendo como apoio a apostila elaborada pela dupla de licenciandos bolsistas, as funções do software matemático foram trabalhadas de forma que os professores pudessem aprender a usá-lo como ferramenta em sala de aula para facilitar a compreensão de conceitos matemáticos e prender melhor a atenção dos alunos. Os professores e também os futuros professores  colegas do curso de Licenciatura em Matemática da UFMT que se faziam presentes na oficina  manipularam o software apenas para funções quadráticas, visto que, em sua primeira fase, a oficina tinha como foco apenas uma breve apresentação da abrangência do winplot. A função quadrática foi escolhida por ser uma das mais estudadas na Educação Básica e para melhor mostrar o uso do gráfico e suas partes. No menu “adivinhar” , os participantes da oficina aprenderam a olhar um gráfico analisando-o de tal maneira a achar sua equação simplificada, escrevendo-a na caixa do inventario e se estivesse certo, o programa daria o aceite. Foi principalmente este recurso que empolgou os professores a treinarem mais sobre o software para uso em sala de aula. Para os professores em exercício, a oficina constituiu um momento para uma reflexão sobre o uso da tecnologia na educação. Além disto, aprenderam a gerar gráficos construídos com o uso do software winplot, a partir de exercícios específicos que ensinava a entender a importância dos elementos da equação “ax²+bx+c” e achar cada parte destes elementos no gráfico.
Para os bolsistas PET e PIBID, as oficinas foram mais do que um momento de interface de pesquisa com extensão; visto que elas construíram para que ocorresse maior aproximação entre os licenciandos e os professores da Educação Básica. Assim, por esta via, os licenciandos puderam discutir com tais professores questões de atuação em sala de aula, tornando-se, portanto, mais capazes de compreender o panorama da Educação Pública brasileira e mais aptos a cursarem as disciplinas de Estágio Supervisionado.

3.       Fanzines: um diferente modo de interação
Como pontuado no item anterior, durante boa parte do primeiro semestre de 2011, os bolsistas PET Matemática Araguaia da UFMT dedicaram-se a pesquisas sobre temas específicos, o que lhes permitiu oferecer, no segundo semestre, oficinas voltadas para a formação de professores. Ao final de tais oficinas, concluímos que nossa ação não estaria completa se não oferecêssemos um material de apoio ao professor que quisesse colocar em prática, junto a estudantes do Ensino Médio, as ideias discutidas nas oficinas. Foi quando surgiu a ideia de fazermos fanzines.
O termo fanzine provém de duas palavras inglesas: fanatic (fan), que quer dizer fanático, apaixonado mais a palavra magazine (zine) que significa revista. Portanto, os fanzines são uma espécie de revista editada por um fã.
            Os fanzines surgiram nos anos 30 nos Estados Unidos para a difusão de histórias de ficção científica, porém, com o passar do tempo, se tornaram um meio de comunicação de qualquer expressão artística e cultural. Por ser um meio de divulgação muito popular, informal e por possuir uma linguagem mais próxima do cotidiano, os fanzines podem vir a ser instrumentos importantes para divulgar conhecimentos da matemática. Na verdade:
Com a criação de um fanzine, cada pessoa se torna autora (ou coautora) e pode quebrar limites desenvolvendo temas pessoais com formatos os mais variados (também no meio virtual da web), expressando seus ideários e gostos particulares. O ser humano tem, assim, em suas mãos, um poder de deflagrar imagens e/ou textos, de pesquisar livremente e dispor como quiser suas informações obtidas, elaborando sua própria edição, fora do circuito “oficial” da editoração social. No fanzinato, ele ainda melhora e amplia seu relacionar com o próximo, visto que o fanzine não visa lucro, mas sim a troca e disseminação de ideias pessoais, autorais, sendo um objeto paratópico prenhe de informações e/ou imagens, de diversos formatos e temas. (ANDRAUS, 2009, p.1)
.
Para produzirem seus fanzines, os petianos desenvolveram diferentes procedimentos de pesquisa, de escrita e de ilustração. Trouxeram mais informações sobre os temas que haviam tratado nos minicursos. Então, puderam se perceber como capazes de pensar e criar formas de ensinar tais temas, um passo importante para que se tornem professores criativos, aptos não só para escolher e criticar materiais e livros didáticos, mas também para modificar ou mesmo criar instrumentos que auxiliem os estudantes a compreenderem os conceitos matemáticos.
Há que se destacar ainda que os fanzines tornaram-se objeto de uma pesquisa mais cuidadosa por parte do petiano Fabrício de Jesus que, em sua monografia de final de curso, pretende investigar as possibilidades de uso dos fanzines para abordar assuntos da matemática moderna e contemporânea.
4.       Exposição: divulgando a matemática
Tem sido relativamente comum, mesmo na Universidade, nos deparamos com declarações de que a Matemática é abstrata e pouco interessante e consideramos que um dos nossos papeis é mudar esta concepção. Para tanto, temos nos dedicado a divulgar a Matemática como área de conhecimento, sua história e suas aplicações no mundo, bem como suas relações com outras áreas de conhecimento. Isto ocorre, de modo especial, na comemoração do Dia Nacional da Matemática.
Em 2011, no Campus Universitário do Araguaia da Universidade Federal de Mato Grosso (CUA/UFMT), as comemorações ocorreram por meio de uma exposição, que se constituiu como uma importante ação de divulgação científica, voltada para alunos e professores dos diversos cursos do CUA/ UFMT, assim como para os funcionários técnicos desta instituição.
Para que atingisse este público alvo, a exposição foi cuidadosamente planejada. Na primeira reunião de organização, discutimos o local na qual ela seria realizada, o orçamento, os espaços temáticos e a distribuição das tarefas. Em seguida, inventariamos o acervo do Laboratório, detectando jogos como Torre de Hanói, Mancala, Dominó das Quatro Cores, Matix, Jogo da Velha 3d, e outros.  Um membro do grupo ficou encarregado de selecionar jogos lógicos digitais e softwares matemáticos que seriam instalados no computador. Em conjunto, esses materiais comporiam uma parte da seção “Resolvendo Problemas”, que teriam também “caixas surpresas” com problemas e enigmas matemáticos e quebra-cabeças de vários tipos.
Queríamos que os estudantes dos demais cursos percebessem a importância da matemática no seu cotidiano e decidimos também pelo espaço “Matemática nas Profissões”. Então, o grupo envolvido na organização da exposição realizou pesquisas que nos permitiram escrever textos que ficariam dispostos em móbiles.
            O petiano Fabrício Gonçalves de Jesus construiu, em papel cartão, o triângulo de Penrose, também conhecido como a tribarra – que é um objeto formado por três barras ortogonais entre si, que visto de certa perspectiva representa um triângulo. O trabalho deste estudante também destacou a questão da pavimentação do plano, que foi abordada por meio do papercraft ou pepakura, que é um método de construção de objectos tridimensionais a partir de papel. Finalmente, ele propôs um jogo e um problema que requeriam, do público, o manuseio de materiais concretos.
De modo geral, pode-se afirmar que as atividades que culminaram na exposição permitiram que os licenciandos avaliassem possibilidades, pesquisassem temas que não estão presentes nas ementas das disciplinas do Curso, identificassem e resolvessem problemas, assumissem compromissos, desenvolvessem e compartilhassem saberes matemáticos e pedagógicos entre si e com o público.  A experiência tornou os petianos mais capazes de despertar o interesse pela Matemática, aguçando a curiosidade das pessoas e promovendo atitudes positivas com relação ao estudo da disciplina. Por outro lado, esta ação se refletiu também em algumas escolas da educação básica, pois professores que visitaram a exposição utilizaram algumas das ideias e mesmo objetos lá expostos em eventos em suas escolas.

5.       Discussão de questões do ENEM e da OBMEP: construindo novas realidades
Nas oficinas de resolução das questões do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), o intuito dos licenciandos (PET, PIBID, bolsistas ProExt e estagiários) tem sido o de familiarizar estudantes de escolhas públicas que cursam os últimos anos do Ensino Médio com a realidade do ENEM. Em paralelo, os estudantes recebem alguma orientação sobre os Cursos oferecidos pelo Campus Universitário do Araguaia, da UFMT. Consideramos que esta ação pode ter grande impacto social, visto que este exame está se constituindo como uma das portas de entrada para muitas Universidades no País.
Na preparação para a ação, reservamos algum tempo para resolver as questões de exames passados, discutindo-as não só do ponto de vista matemático, mas também seus aspectos pedagógicos. Assim, importa não apenas resolvê-las corretamente, mas (re)examiná-las com um olhar diferenciado, buscando métodos de resoluções mais simples e de maneira mais rápida e clara para auxiliar os estudantes. Em 2011, foram escolhidas duas escolas públicas – uma na cidade de Aragarças/GO e outra na cidade de Barra do Garças/MT – e, durante quatro sábados, foram oferecidas oficinas aos estudantes interessados.
Na realização desta atividade, os alunos das escolas públicas ficaram bastante empolgados e satisfeitos com os resultados, relatando que depois das aulas tiveram uma visão mais clara sobre o ENEM e perderam um pouco do medo que tinham a respeito da prova. Já experiente neste tipo de ação, a petiana Solange Nascimento Neves pontua que a atividade também tem sido importante para a formação do petiano, pois ela é uma fonte de comprometimento com o combate à exclusão social causada por problemas relacionados ao aprendizado matemático, mostrando-se eficaz para que o bolsista PET possa compreender e assumir seu papel político e social. Deste modo, esta ação também tem assumido um importante aspecto formativo do futuro professor.

Conclusões
Na Licenciatura em Matemática do CUA/UFMT, quem forma quem? Cada vez mais, temos constituído diferentes espaços formativos, que vão bastante além dos limites das salas de aula e do Laboratório de Educação Matemática da Universidade. Ao analisar o que ocorre em cada um destes espaços, podemos dizer que nós nos formamos mutuamente.
Como afirmamos, não é raro que os licenciandos assumam o papel de pesquisadores e professores, passando a ministrar minicursos e oficinas para professores em exercício. Nesses casos, há um intercâmbio de saberes, pois se por um lado os professores em formação inicial apresentam novas ideias para os professores experientes, estes últimos lhes permitem saber mais sobre o efetivo exercício de sua profissão. Professores experientes e licenciandos ‘se formam’.
Em atividades como a elaboração dos fanzines e mesmo a organização de uma exposição, são valorizadas a autoria. O aprendizado ocorre no trânsito entre a linguagem formal/científica e a linguagem coloquial, necessária na busca por uma comunicação mais efetiva com adolescentes que cursam o Ensino Médio. O aprendizado ocorre ainda na busca pelo efeito estético ou mesmo na manipulação de softwares de imagens, dentre outros. Na produção dos fanzines, as duplas responsáveis os apresentaram a todo o grupo, que criticam e sugerem melhorias ao material, assim, os membros do grupo ‘se formam’. O mesmo ocorre em outras instâncias, visto que, no nosso grupo PET, que recebe licenciandos em Matemática e em Física, a busca pela interdisciplinaridade é uma constante. Também primamos pelo complexo aprendizado de trabalhar eficientemente em equipes.
Por outro lado, como já pontuamos, as discussões de questões do ENEM e da OBMEP tem-nos aproximado dos estudantes da Educação Básica e nos feito perceber melhor o papel social da ação docente.
Concluímos, portanto, que, em grande parte das ações do Grupo PET Matemática Araguaia, da UFMT, temos conseguido, na manutenção da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, engendrar novos e interessantes caminhos para a formação de professores de matemática.

Referências
ANDRAUS, G. A independente escrita-imagética caótico-organizacional dos fanzines: para uma leitura/feitura autoral criativa e pluriforme. In: 17º. COLE Congresso de Leitura do Brasil, 2009, Campinas. Anais do 17º. COLE, 2009.
WENGER, E. Comunidades de práctica: Aprendizaje, significado e identidad. Barcelona: Paidós, 2001.



[1] Comunicação Oral – Ciências Humanas
[2]  Universidade Federal de Mato Grosso. Profa. Dra. Tutora do Grupo PET Matemática, Campus do Araguaia (CUA/UFMT)
[3]Licenciandos bolsistas do grupo PET Matemática Araguaia/UFMT.

domingo, 15 de julho de 2012

Etnomatemática



 
VOCÊS SABEM QUEM É UBIRATAN D’AMBROSIO?

Professor Emérito de Matemática da Universidade Estadual de Campinas / UNICAMP. Nascido em São Paulo em 8/12/32. Bacharel e Licenciado em Matemática pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (1954). Doutor em Matemática pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade São Paulo (1963). Pós-doutorado na Brown University, USA, (1964-65).

Atualmente, é professor do Programa de Estudos Pós-Graduados de História da Ciência da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo / PUC; professor credenciado no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo; professor do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho" / UNESP; professor visitante no Programa Sênior da FURB / Universidade Regional de Blumenau.

Outras funções: Presidente da Sociedade Brasileira de História da Matemática / SBHMat; Presidente do ISGEm / International Study Group on Ethnomathematics; Presidente do Instituto de Estudos do Futuro / IEF de São Paulo; pesquisador e membro do Conselho Diretor do NACE-ATC (Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão Arte, Tecnologia e Comunicação) da Universidade de São Paulo; Membro do Conselho Diretor do Institute for Information Technology in Education (IITE), da UNESCO, sediado em Moscou (1998-2002); Membro do Conselho Científico do Museu de Astronomia e Ciências Afins / MAST, do Conselho Nacional de Pesquisas / MCT (1996-2003). É "fellow" da American Association for the Advancement of Science / AAAS; Presidente Honorário da Sociedade Brasileira de História da Ciência / SBHC.

Foi Pró-Reitor de Desenvolvimento Universitário da Universidade Estadual de Campinas (1982-90), Diretor do Instituto de Matemática, Estatística e Ciência da Computação da mesma (1972-80), Coordenador dos Institutos de Pesquisa da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo (1988-92) e Chefe da Unidade de Melhoramento de Sistemas Educativos da Organização de Estados Americanos, Washington, DC (1980-82) e membro do Conselho da "Pugwash Conferences on Science and WorldAffairs" (ONG que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1995); lecionou em várias universidades do país e do exterior.



ETNOMATEMÁTICA 

A etnomatemática surgiu na década de 1970, com base em críticas sociais acerca do ensino tradicional da matemática, como a análise das práticas matemáticas em seus diferentes contextos culturais. Mais adiante, o conceito passou a designar as diferenças culturais nas diferentes formas de conhecimento. Pode ser entendida como um programa interdisciplinar que engloba as ciências da cognição, da epistemologia, da história, da sociologia e da difusão.
A palavra foi cunhada da junção dos termos techné, mátema e etno. Segundo Ubiratan D'Ambrósio o Programa Etnomatemática "tem seu comportamento alimentado pela aquisição de conhecimento, de fazer(es) e de saber(es) que lhes permitam sobreviver e transcender, através de maneiras, de modos, de técnicas, de artes (techné ou 'ticas') de explicar, de conhecer, de entender, de lidar com, de conviver com (mátema) a realidade natural e sociocultural (etno) na qual ele, homem, está inserido."
Tomando o campo da educação matemática como exemplo, numa perspectiva etnomatemática, o ensino da matemática ganha contornos e estratégias específicas, peculiares ao campo perceptual dos sujeitos aos quais se dirige. A matemática vivenciada pelos meninos em situação de rua, a matemática desenvolvida em classes do ensino supletivo, a geometria na cultura indígena, são completamente distintas entre si em função do contexto cultural e social na qual estão inseridas.

Educação Matemática

Depois do fracasso da Matemática Moderna, na década de 70, apareceram, entre os educadores matemáticos, várias correntes educacionais desta disciplina, que tinham uma componente comum – a forte reação contra a existência de um currículo comum e contra a maneira imposta de apresentar a matemática de um só visão, como um conhecimento universal e caracterizado por divulgar verdades absolutas. Além de perceberem que não havia espaço na Matemática Moderna para a valorização do conhecimento que o aluno traz para a sala de aula, proveniente do seu social.
Ubiratan D´Ambrosio, se utiliza em 1985, pela primeira vez o termo Etnomatemática, isto no  seu livro: “Etnomathematics and its Place in the History of Mathematics”, onde o termo esta inserido dentro da História da Matemática. Este autor cita que em 1978 utilizou este termo numa conferencia, que pronunciou na Reunião Anual da Associação Americana para o Progresso da Ciência, que infelizmente não foi publicada.
Um fato importante foi a criação, em 1986, do Grupo Internacional de Estudo em Etnomatemática (IGSEm) congregando pesquisadores educacionais de todo o mundo que estavam, de alguma maneira, pensando digamos nesta área do conhecimento e, principalmente, em como utilizá-la em sala de aula.
Este estudo leva a ver a Matemática como um produto cultural, e, então, cada cultura, e mesmo sub-cultura, produz sua matemática específica, que resulta das necessidades específicas do grupo social. Como produto cultural tem sua história, nasce sob determinadas condições econômicas, sociais e culturais e desenvolve-se em determinada direção; nascida em outras condições teria um desenvolvimento em outra direção. Pode-se então dizer que o desenvolvimento da matemática é não-linear, como querem alguns matemáticos.

Fonte:

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Educação Matemática Crítica


VOCÊ SABE QUEM É OLE SKOVSMOSE

O professor dinamarquês Ole Skovsmose é um dos principais responsáveis por divulgar o movimento da “educação matemática crítica” ao redor do mundo. Com mestrado em Filosofia e Matemática pela Universidade de Copenhague e doutorado em Educação Matemática pela Royal Danish School of Education Studies, Skovsmose defende em seus trabalhos o direito à democracia e o ensino de matemática a partir de trabalho com projetos. “Uma educação crítica não pode ser estruturada em torno de palestras proferidas pelo professor”, diz.

Skovsmose questiona as práticas tradicionais, muitas vezes realizadas sem reflexão, como a ênfase excessiva na realização de listas de exercícios, que pode comprometer a qualidade da aula de matemática, e acredita que “mais importante do que só fazer exercícios é trabalhar com investigações”. Para ele, a Educação Matemática Crítica possui um importante papel no mundo atual, sobretudo em função do avanço tecnológico. Skovsmose também desenvolveu diversos conceitos importantes para interpretar processos de aprendizagem, como cenários de investigação, foreground dos estudantes e guetorização.

Skovsmose sempre se preocupou com os países localizados fora dos centros de poder, o que o levou a viajar pelo mundo orientando e desenvo lvendo pesquisas. Está sempre em contato com professores e pesquisadores da África do Sul, Colômbia e Brasil. Em nosso país, ele visita anualmente o programa de Pós -Graduação em Educação Matemática da UNESP, em Rio Claro, São Paulo.

Atualmente, Skovsmose é professor do Departam ento de Educação, Aprendizagem e Filosofia da Universidade de Aalborg, na Dinamarca. Tem livros publicados em português, como Educação matemática crítica: a questão da democracia (2001) e Desafios da reflexão em educação matemática crítica (2008), ambos publicados pela editora Papirus, Educação Crítica – incerteza, matemática, responsabilidade (2007) pela editora Cortez e Diálogo e aprendizagem em educação matemática (2006) em parceria com Helle Alroe publicado pela editora Autêntica.



 Cenários para investigação

Acredito que mais importante do que fazer exercícios, é analisar os diferentes tipos de situações, aprendendo a construir estratégias utilizando os conceitos matemáticos. Muitas vezes, fazendo exercícios, os alunos não v ão aprender matemática para toda a vida, mas na prática de realização de listas de exercícios em busca das ‘respostas certas’.”

A educação matemática tradicional se enquadra no paradigma do exercício. Geralmente, o livro didáctico representa as condições tradicionais da prática de sala de aula. Os exercícios são formulados por uma autoridade externa à sala de aula. Isso significa que a justificação da relevância dos exercícios não é parte da aula de matemática em si mesma. Além disso, a premissa central do paradigma do exercício é que existe uma, e somente uma, resposta correcta.

O meu interesse numa abordagem de investigação tem relação com a educação matemática crítica, a qual pode ser caracterizada em termos de diferentes preocupações. Uma delas é o desenvolvimento da materacia, vista como uma competência similar à literacia caracterizada por Freire.

Materacia não se refere apenas às habilidades matemáticas, mas também à competência de interpretar e agir numa situação social e política estruturada pela matemática. A educação matemática crítica inclui o interesse pelo desenvolvimento da educação matemática como suporte da democracia, implicando que as micro-sociedades de salas de aulas de matemática devem também mostrar aspectos de democracia. A educação matemática crítica enfatiza que a matemática como tal não é somente um assunto a ser ensinado e aprendido (não importa se os processos de aprendizagem são organizados de acordo com uma abordagem construtivista ou socio-cultural).

A Matemática em si é um tópico sobre o qual é preciso refletir. Ela é parte de nossa cultura tecnológica e exerce muitas funções, as quais podem ser mais bem caracterizadas por uma leve reformulação da Primeira Lei de Kranzberg: o que a matemática está produzindo não é bom nem ruim, nem é neutro. A matemática é parte de nossas estruturas tecnológicas, militares, económicas e políticas e como tal, um recurso tanto para maravilhas como para horrores.

Fazer uma crítica da matemática como parte da educação matemática é um interesse da educação matemática crítica. Parece não haver muito espaço no paradigma do exercício para que tais interesses sejam levados em conta.


Fonte