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domingo, 27 de janeiro de 2013

Artigo sobre Como implantar um Laboratório de Ensino de Matemática na Escola, publicado na Revista Primeiros Escritos em Educação Matemática


Acerca de um Laboratório de Ensino de Matemática

Patrícia da Costa

Resumo: As dificuldades encontradas por professores no ato de ensinar, e por alunos no processo de
aprendizagem matemática, têm feito com que professores e acadêmicos do curso de Licenciatura em
Matemática busquem novos caminhos com o intuito de melhorar a qualidade do ensino, entre os quais, o
uso do Laboratório de Ensino de Matemática. Neste artigo, que antecedeu o processo de instalação de um
laboratório numa escola particular, são expostos os argumentos que levaram a tal feito.
Palavras-chave:Ensino-aprendizagem de Matemática; Formação de Professores

A Implantação de um laboratório de ensino de matemática

Não se pode ignorar a importância da matemática e principalmente a sua aplicação no
cotidiano, afinal ela se faz presente nas mais diferentes áreas, desde aplicações científicas,
transações comerciais e até atividades cotidianas como as domésticas ou mesmo em atividades
de entretenimento. Na verdade, todas as áreas do conhecimento utilizam de alguma forma
conceitos matemáticos. Em contrapartida, o cotidiano escolar apresenta conceitos matemáticos
distantes da realidade da comunidade, fato que torna a matemática uma disciplina temida e
pouco compreendida.
Este distanciamento entre a matemática acadêmica e o cotidiano tem despertado em
muitos profissionais de educação o interesse no desenvolvimento e aplicação de métodos de
ensino que utilizem recursos diferenciados e proporcionem a melhoria do ensino e
aprendizagem da matemática.
Segundo D’Ambrósio (2001) “O mundo atual está a exigir outros conteúdos, outras
metodologias para que se atinjam os objetivos maiores de criatividade e cidadania plena”. Isso
significa que aulas tradicionais não são mais capazes de promover tal aprendizagem e que os
professores precisam adotar estratégias adequadas a essa nova realidade vivida nas salas de aula,
utilizando-se de métodos alternativos e de materiais estruturados para o ensino.
Tais mudanças devem ser discutidas através de seminários, congressos, capacitações e
atualizações voltadas principalmente a professores atuantes no ensino básico. Além disso,
devem fazer parte da matriz curricular de cursos de Licenciatura de Matemática e de Pedagogia,
cursos responsáveis pela formação de professores para a Educação Básica. Uma estratégia
importante para a capacitação de professores e/ou futuros professores é a implantação de
Laboratório de Ensino de Matemática, doravante denominado LEM, nas unidades de ensino
superior, e também na divulgação e implantação de LEM’s nas unidades de ensino básico.
Mas é importante salientar que a implantação de um LEM, tanto no ensino superior
quanto no ensino básico, não implica somente em espaço físico e materiais estruturados, há a
necessidade do envolvimento da comunidade escolar neste processo. Nas unidades de ensino
superior, um LEM tem-se constituído como importante espaço para o apoio às disciplinas do
núcleo de prática de ensino e estágio, visto que promove o conhecimento, a elaboração e o teste
de materiais e técnicas de ensino, preparando de forma mais efetiva professores para a atuação
no ensino básico. Já nas unidades de ensino básico, um LEM vem trazer de forma efetiva
recursos didáticos e pedagógicos diferenciados com a possibilidade de promover a construção
do conhecimento pelo corpo discente da instituição. Entretanto, para a implantação deste
espaço, alguns aspectos são relevantes como discutiremos a seguir.

O Laboratório de Ensino de Matemática

Um LEM é um espaço destinado à construção do conhecimento tanto do corpo docente
quanto do corpo discente de uma instituição de ensino básico ou superior. Um local onde o
professor pode utilizar de recursos didáticos diferenciados como materiais manipulativos,
recursos de informática, atividades de resolução de problemas entre outros, todos esses recursos
dão ao professor um suporte para proporcionar aos alunos uma aprendizagem significativa.
As atividades executadas em um LEM devem ser propostas e desenvolvidas visando o
conceito a ser trabalhado e o público que se pretende atingir. Portanto requer maleabilidade,
pois um mesmo conceito poderá ser trabalhado com recursos e métodos diferenciados conforme
o objetivo que se pretende alcançar. Este fato é muito importante, pois devemos deixar a rigidez
comum em aulas tradicionais dando margem à flexibilidade com foco na construção do
conhecimento. O LEM vem sendo apontado como um ambiente propício para:
· Desenvolver a atenção, a concentração, a observação, a criatividade, a autonomia e o
raciocínio lógico, realizando atividades diversificadas com recursos didáticos variados;
· Promover a interdisciplinaridade entre a matemática e outras disciplinas;
· Envolver o aluno na aprendizagem, tornando-o sujeito atuante em busca de novas
descobertas que geram o conhecimento significativo;
· Estimular a criação de estratégias na busca de solução de problemas;
· Divulgar e trocar experiências na confecção e aplicação de materiais concretos como
jogos, quebra cabeça, etc.
· Propiciar o desenvolvimento de técnicas intelectuais e, sobretudo, de relações sociais;
· Estimular o prazer pela matemática;
· Demonstrar concretamente conceitos matemáticos.
Considerando esses aspectos, podemos afirmar que a implantação de um LEM está
intimamente relacionada ao objetivo de melhorar a qualidade do ensino e aprendizagem
matemática, estimulando a construção do saber utilizando recursos diversificados. Contudo,
antes de uma instituição decidir quanto à sua implantação, é necessário que haja o envolvimento
da comunidade escolar para a definição de aspectos relevantes como: tipos de recursos que
serão utilizados, público que se pretende atingir, entre outros.

Aspectos relevantes para a implantação de um LEM

Muitos pensam que as atividades práticas de matemática exigem investimentos
caríssimos, inacessíveis à grande maioria das escolas. Seria verdade, se pensarmos em LEM’s
montados com materiais e equipamentos requintados. No entanto, é possível realizar
experimentos de grande utilidade didática sem empregar equipamentos de alto custo. Com
materiais simples é possível ter uma aprendizagem significativa.
Em vista disto, para a implantação de um LEM, inicialmente, devemos avaliar a
instituição em questão, para definir o tipo de recursos que poderão ser utilizados e o público a
ser atendido, ou seja, o LEM deve se adequar à realidade da escola.
Existem diferentes recursos que podemos utilizar em atividades desenvolvidas em um
LEM, dentre eles podemos destacar: materiais manipuláveis, recursos de informática, resolução
de problemas e recursos de mídias. A seguir apresentaremos cada um dos recursos citados.
·Materiais manipuláveis
Materiais manipuláveis ou concretos podem ser entendidos como objetos que o aluno é
capaz de sentir, tocar, manipular e/ou movimentar. O uso de material concreto exerce um papel
importante na aprendizagem, facilita a observação e a análise, desenvolve o raciocínio lógico,
crítico e cientifico, é fundamental para o ensino experimental e é excelente para auxiliar o aluno
na construção de seus conhecimentos (LORENZATO, 2006, 61).
Atualmente, mais acessível para as escolas é o laboratório com materiais concretos, pois
tem um custo muito baixo até mesmo porque muitos dos materiais usados na confecção dos
jogos podem ser materiais recicláveis e porque os materiais que precisam ser comprados
costumam ter custo baixo. As atividades desenvolvidas em um LEM utilizando materiais
manipuláveis podem ser de construção dos materiais ou simplesmente em sua utilização, mas
devem ser orientadas de forma a despertar nos alunos o interesse pela exploração de situações e
na busca de novas soluções, objetivando a construção do conhecimento de forma lúdica,
valendo-se de enriquecedoras experimentações matemáticas. Assim, o maior interesse em
construir o conhecimento a partir da utilização de materiais manipuláveis será desenvolver uma
dinâmica de ensino e aprendizagem capaz de respeitar o tempo de cada aluno. E ainda fazer
com que o mesmo considere a construção de seu conhecimento como uma forma de atuar e de
ser responsável pelo próprio aprendizado a partir de sua participação ativa em sala de aula.
· Recursos de Informática
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (1999),
especificamente na Parte III – Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias -, uma das
habilidades a serem desenvolvidas em matemática, dentro do contexto sociocultural do
educando, é “utilizar adequadamente calculadoras e computador, reconhecendo suas limitações
e potencialidades”. Nos dias de hoje existem inúmeros softwares sobre os mais diversos campos
da matemática, esses recursos são de grande valia para a construção do conhecimento
matemático principalmente da álgebra e da geometria.
Em geral, o uso da informática no LEM consiste em utilizar algum tipo de software
especial e jogos virtuais para que alunos experimentem, descubram e explorem conceitos
matemáticos. Neste caso, a escola precisa possuir um laboratório de informática para os alunos,
com um número de máquinas suficientes para atendê-los, profissionais capacitados para
manutenção e implementação de novos recursos, e ainda a capacitação do corpo docente para a
utilização de forma efetiva dos recursos disponibilizados. Em relação aos softwares, atualmente
existem muitos que são livres para uso escolar, o que possibilita a utilização desse recurso sem
grandes investimentos.
· Resolução de Problemas
Quando estamos frente a uma nova situação sobre a qual devemos refletir e usar algum
tipo de conhecimento intelectual ou habilidades para resolvê-la, estamos diante de um problema.
Desta forma, a Resolução de Problemas é o meio pelo qual se pode relacionar o cotidiano dos
estudantes com conceitos matemáticos. O problema pode ser modesto, mas se ele desafiar a
curiosidade e puser em jogo as faculdades inventivas, quem o resolver por seus próprios meios
experimentará a tensão e gozará o triunfo da descoberta. Essas experiências numa idade
suscetível poderão gerar o gosto pelo trabalho mental e deixar, por toda a vida, sua marca na
mente e no caráter (RIBAS e outros, 2007).
O professor de matemática precisa possibilitar ao aluno o desenvolvimento de habilidades
em elaborar estratégias e formas de resoluções de problemas. Como existem vários tipos de
problemas e várias técnicas de resoluções dos mesmos, a resolução de problemas possibilita ao
professor com uma única atividade trabalhar vários pontos importantes como, por exemplo,
ensinar a partir do erro. Os desafios lógicos são um destes e podem ser trabalhados a partir da
utilização de jogos.
· Recurso à diferentes mídias
Os recursos de mídia têm um papel muito importante na construção do conhecimento
matemático, pois permitem aos alunos visualizar situações que são difíceis de imaginar. Para
utilizá-los, é preciso que a escola disponha de sala de vídeo equipada com televisão, DVD e
projetor multimídia.
Entretanto é também importante que o uso da tecnologia no contexto escolar, mais
especificamente no ensino de matemática e áreas afins, ocorra a partir de uma formação
adequada, do envolvimento e do compromisso de todos os atores do processo educacional
(professores, diretores, supervisores, coordenadores pedagógicos e inclusive o próprio aluno),
no sentido de repensar o processo de ensino e aprendizagem. Estes protagonistas têm papéis
distintos e, portanto, o uso da tecnologia deve atender às suas especificidades, de tal forma que,
no âmbito global, suas ações sejam articuladas com vistas a favorecer o desenvolvimento do
aluno como cidadão participativo e crítico para lidar com as inovações tecnológicas (RIBAS e
outros, 2007).
Neste sentido, uma opção de aula extremamente atrativa para o aluno é a de utilização de
slides, animações e filmes, pois através de animações e movimentos pode-se alcançar o
principal objetivo de todo esse estudo que é uma aprendizagem de maneira prazerosa e efetiva
por parte do aluno com relação à matemática. Mas é importante que o professor saiba o
momento certo de introduzir essas mídias em aula e a maneira de fazer com que o seu aluno
construa uma linha de raciocínio a partir das exibições, para que a aula não se torne uma simples
brincadeira.

Considerações finais

Um dos passos mais importantes para a implantação de um LEM é a escolha dos recursos
que irão fazer parte inicialmente de sua constituição. Na verdade, o ideal é que um LEM seja
formado por diversos recursos, mas tem sido relativamente comum que a instituição opte por
apenas um recurso e gradativamente vá ampliando seu repertório, de acordo com a possibilidade
da mesma até que o LEM seja constituído por todos os recursos que se adequar à realidade e à
necessidade da escola. Este é um aspecto muito importante, pois além de ter os recursos é
preciso que se tenha um envolvimento efetivo de toda a comunidade escolar, abrangendo desde
a capacitação dos docentes e até mesmo a adequação do Projeto Político Pedagógico da
instituição. De nada adianta ter um LEM bem equipado se não tiver pessoas preparadas para
introduzi-lo nas atividades acadêmicas.
É, pois, importante destacar que a instalação de um LEM na escola depende muito do
desempenho, criatividade e força de vontade de todos da escola, principalmente dos professores,
pois estes devem reconhecer a importância de um espaço onde se vivencia a matemática.
Sobretudo, o professor precisa estar disposto a aprender a utilizar o LEM e seus recursos para
que esse ambiente não se torne um depósito.

Bibliografia consultada

ABREU, Maristela Dalla Porta de. athena.mat.ufrgs.br/~portosil/lab3.html. Acesso em 20/07/2003.
ALMEIDA, F. J. de; FONSECA JÚNIOR, F. M. Aprendendo com projetos. In:BRASIL. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC/SEEMT, 1999.
BORIN, J. Jogos e resolução de problemas:uma estratégia para as aulas de matemática. São Paulo:
IME-USP;1996.
D’ AMBROSIO, Ubiratan. Etnomatematica – elo entre as tradições e a modernidade. Belo Horizonte:
Autentica, 2ª ed. 3ª reimp.(Coleção tendências em educação matemática). 2007
LORENZATO, Sergio (org.). O laboratório de ensino de matemática na formação de professores.
Campinas, SP: Autores Associados (Coleção formação de professores).2006
PINTO, Joaquim; Laboratório de Matemática no Ensino Básico / Secundário, in Curso de Formação
Uma Oficina para um Laboratório de Matemática, disponível em:
http://www.prof2000.pt/users/j.pinto/curso_net_1/materiais/Lab_mat.htm acesso em: 05/04/2010
RIBAS, D. R. ; BARONE, Dante Augusto Couto ; BASSO, M. V. . O Uso de um Laboratório Virtual de
Matemática no Processo de Ensino-aprendizagem. RENOTE. Revista Novas Tecnologias na Educação,
v. 5, p. 2e, 2007.
SILVA, Raquel Correia; SILVA, Jose Roberto. O Papel do Laboratório no Ensino de Matemática /
VIII Encontro Nacional de Educação Matemática. Recife/PE. 2004