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sábado, 8 de fevereiro de 2014


O gosto ou não pela Matemática na E.E. Irmã Diva Pimentel

Bruna Fernanda Sato Lopes1, Admur Severino Pamplona2
(1) Bolsista PET; Instituto de Ciências Exatas e da Terra; Campus Universitário do Araguaia; Universidade Federal de Mato Grosso; (2) Prof. Adjunto – Orientador. Instituto de Ciências Exatas e da Terra; Campus Universitário do Araguaia; Universidade Federal de Mato Grosso.

1     Introdução

Observamos que, cotidianamente, a Matemática gera diferentes reações nas pessoas, variando do amor ao ódio. Assim, se por um lado a matemática inspira canções como a “Aula de Matemática” de Tom Jobim, na qual ele nos lembra a presença constante dos conceitos matemáticos em nossa vida, por outro lado, como afirmam Carmo e Simionato (2012), a Matemática desperta sentimentos de rejeição em muitos estudantes e, por consequência, levam, a casos de reprovação.  Reis (2005) também pontua que é comum encontrarmos alunos que sentem uma rejeição pela matemática, por não sentir prazer ao resolver problemas relacionados a essa disciplina, e por achar as aulas chatas e muito teóricas, fato que ocorre desde as primeiras séries até as mais avançadas. Entretanto, Prado (2000) nos assegura que uma rejeição à matemática pode ter várias outras causas além das acima citadas. Assim, a percepção deste problema tem levado muitos educadores matemáticos a pesquisarem, junto a várias instituições e grupos de estudantes, as causas que afastam muitos alunos da matemática para, então, sugerir maneiras de minorar o problema.
A pesquisa ora relatada se insere nesta vertente, visto que seu objetivo foi conhecer as causas que levam os alunos dos primeiros anos do ensino médio da Escola Irmã Diva Pimentel, localizada em Barra do Garças-MT a gostarem ou não da Matemática.

2     Material e Métodos 

Proposta originalmente no âmbito dos trabalhos do grupo PET (Programa de Educação Tutorial), essa pesquisa foi realizada na disciplina de Pesquisa em Educação Matemática e em Matemática (PEEM) por meio da elaboração de um projeto conjunto sob a coordenação do Prof. Dr. Admur S. Pamplona. Para selecionar os estudantes que seriam entrevistados, nós, alunos da disciplina de PEEM aplicamos um questionário exploratório elaborado em conjunto com o professor orientador. Neste instrumento, 109 alunos do primeiro ano do ensino médio da Escola Estadual Irmã Diva Pimentel – com os quais o PIBID Matemática CUA vem trabalhando. Estes alunos deveriam marcar, no desenho de uma régua numa escala de 0 à 30, o quanto gostam de matemática. A marcação próxima de 0 significava o não gosto pela matemática e, em oposição, quanto mais próximo de 30 o aluno colocasse sua marcação, significava um alto gosto pela matemática. O intuito desta fase exploratória foi obter uma primeira noção da quantidade de alunos que gostam e que não gostam da disciplina de matemática. Na figura 1, observa-se o desenho que constou no questionário.
'Não gosto’____________________________________________________‘Gosto muito’
regua-virtual.jpg
Figura 1: régua constante no questionário exploratório
Observamos que 36,6% dos estudantes que responderam ao questionário exploratório marcaram de 0 à 5, evidenciando uma rejeição relacionado a disciplina de matemática e apenas 10% dos alunos responderam que gostavam de matemática numa escala de 25 à 30, ou seja, gostavam muito. Estes estudantes foram tomados como sujeitos da pesquisa, pois nos interessava saber, o que os levou à desenvolver o gosto ou a aversão extrema pela disciplina  Então, foram selecionados 10 alunos para participarem do segundo momento da pesquisa, uma entrevista semiestruturada. Foram entrevistados, em cada uma das cinco turmas, tanto um estudante que não gosta de matemática quanto outro que, no questionário exploratório, por meio da régua, afirmou ter uma maior afinidade com essa disciplina.
Para a análise das entrevistas, dividimos as respostas dos alunos em categorias mistas, que tiveram origem no confronto entre o que diz a literatura e o que encontramos nos registros de campo.As categorias consideradas foram: a estrutura familiar, a ajuda da família nas tarefas escolares, a escolaridade dos pais, a relação do aluno com o/a professor(a) de matemática, a relação do aluno com os demais funcionários da escola, a mudança de atitude, a importância da matemática para a vida futura e a profissão desejada.

3     Resultado e discussão

Analisando a “estrutura familiar” observamos que 4 (quatro) dos alunos que não gostam de matemática têm seus pais separados, enquanto entre os alunos que gostam de matemática 2 (dois) têm os pais separados. Podemos observar que o não gosto pela matemática poderia estar relacionado à estrutura familiar, o que encontra respaldo na afirmação de Archaumbault (2002) de que o insucesso escolar é mais visível nas crianças cujos pais estão separados. Esta também, segundo o autor,é a principal conclusão de um estudo efetuado pelo Instituto Nacional de Estudos Demográficos (INED) francês, que quantificou, pela primeira vez, asdiferenças que se estabelecem entre o rendimento dos filhos de pais separados e o dos alunos que ainda vivem com o pai e com a mãe.
Em relação à “ajuda familiar nas tarefas escolares”, dentre os alunos que gostam de matemática, quatro deles recebiam e/ou recebem ajuda para realizar suas tarefas escolares e dentre os que não gostam, apenas um recebe auxílio quando solicita. Novamente, o resultado encontrado assemelha-se ao da literatura, pois segundo Machado (1994), dentre os vários determinantes acadêmicos, o acompanhamento escolar em casa tem sido considerado como um dos que tem mais contribuído para o bom desempenho do aluno. 
Com relação à “escolaridade dos pais”, não foi possível perceber distinção no nível de escolaridade dos pais dos alunos que gostam de matemática e dos que não gostam. Quanto à “relação dos alunos com os membros da escola”, os entrevistados afirmaram ter uma boa relação com esses segmentos. O mesmo não ocorre com “relação à professora de matemática”. Neste caso, apenas um aluno dos que gosta de matemática e outro dos que não gosta, dizem ter uma afinidade pela professora.  Para Reis (2005), a influência na maneira dos alunos encararem a aprendizagem de matemática pode estar relacionada com as atitudes dos professores e as impressões que estes alunos têm desses profissionais. Por outro lado, assinalamos que, por vezes, também ocorre que uma ansiedade ou rejeição à disciplina pode levar a dificuldades ao não estabelecimento de afinidades com o professor.
Ao analisar possíveis “mudanças de atitude” com relação ao gosto pela matemática, os alunos afirmaram que isto ocorre quando entendem a matéria ensinada em determinado momento e podem ensinar seus colegas. Por outro lado, quando não compreendem determinado conteúdo, desistem de resolver os exercícios a ele relacionados. Quanto a possíveis relações com a “profissão desejada e a importância da matemática”, observamos que, dentre os alunos que não gostam de matemática, todos escolheram um curso que exige na visão deles pouca matemática, os quais foram citados: Veterinária, Direito, Agronomia, Medicina. Segundo estes estudantes, a maior importância da matemática é a sua contribuição para passar no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), mas indagam a respeito de certas coisas que aprendem e não sabem quando irão usar.Já a grande maioria dos entrevistados que possuem afinidade com a disciplina escolheram um curso que, em seu modo de ver, possui bastante matemática, entre os quais foram citados: Engenharia Civil, Administração e Gestão Financeira. Tais estudantes atribuem grande importância à matemática, afirmando que ela está presente em todas as atividades que pretendem fazer.

4     Conclusões

Concluímos que a rejeição à matemática pode estar relacionada, dentre outros fatores, ao acompanhamento familiar do estudo, pois, a maioria dos alunos que sentem uma rejeição não obtinha apoio para estudar e precisavam fazer isso sozinhos, sentindo muita dificuldade. No que diz respeito à impressão causada pela matemática e pelos seus professores, observamos que, quanto os alunos pesquisados nesta escola, aqueles que afirmaram não gostar de matemática também não gostam de seus professores e que os alunos que disseram gostar de Matemática, mesmo que não gostem da atual professora, tiveram uma influência positiva com as anteriores. Neste sentido, reforçamos a importância de um profissional bem preparado, com boa didática, capaz de utilizar várias metodologias de ensino, de criar estratégias e materiais didáticos que vão ao encontro das necessidades dos estudantes. Cabe lembrar que, para Reis (2005), se por um lado o professor contribui para a rejeição, também é ele o principal agente para que uma mudança ocorra. É necessário que ele se torne capaz de despertar nos alunos o interesse e a motivação para aprender Matemática. O professor deve ser orientador,mediador e organizador das construções dos alunos, respeitando sua matriz cultural e levando em consideração que para uma única situação problema podem existir diversasmaneiras de resolução. Finalmente, verificamos que os alunos que não gostam de matemática tendem a evitar essa matéria, procurando cursos superiores que, segundo a sua concepção, exigem pouca Matemática. Então, cabe lembrar que isso reflete no desenvolvimento tecnológico do país, tendo em vista essa disciplina ser base para outras ciências.

5     Referencias

ARCHAMBAULT, P. Séparation et divorce : quelles conséquences sur la réussite scolaire des enfants? Population et Sociétés, n° 379, maio 2002. (disponível emhttp://www.ined.fr/fichier/t_publication/689/publi_pdf1_pop_et_soc_francais_379.pdf)
CARMO, J. S.; SIMIONATO, A. M. Reversão de ansiedade à matemática: alguns dados da literatura. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 17, n. 2, p. 317-327, abr./jun. 2012. (disponível em http://www.scielo.br/pdf/pe/v17n2/v17n2a14.pdf)
MACHADO, E. M. A participação dos país no proceso de alfabetização: acompanhamento de estudo. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 1994. (Dissertação de Mestrado).
PRADO, I. G. Ensino de Matemática: O Ponto de Vista de Educadores e de seusAlunos sobre Aspectos da pratica pedagógica. Rio Claro 2000. 255f. Tese deDoutorado – Educação Matemática, Universidade Estadual Paulista, Instituto deGeociência e Ciências exatas (UNESP).
REIS, L.R. Rejeição à matemática: Causas e formas de intervenção. Monografia (Licenciatura em Matemática) Universidade Católica de Brasília-UCB. Brasília-DF. 2005. (disponível em http://www.ucb.br/sites/100/103/TCC/12005/LeonardoRodriguesdosReis.pdf . Acessado em 18/03/2013).

Agradecimentos

Ao MEC/SESU, pela bolsa PET. Aos demais estudantes da disciplina Pesquisa em Educação Matemática e em Matemática (PEEM) 2012/2: Adilson, Antonio, Débora e Graciela, por contribuírem na coleta e análise dos dados desta pesquisa. Aos estudantes dos primeiros anos do ensino médio da Escola Irmã Diva Pimentel.

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